quarta-feira, 29 de julho de 2009

Grafite em série, parte 3

Vamos então à terceira reportagem da série grafite. O assunto é a evolução do grafite, da arte e dos traços do grafite. Ainda tem um pouco da história da entreda da mulher, muito bom!
Pra quem ainda não viu nem a primeira e nem a segunda reportagem, aí vai.
As ilustrações são de Alex Silva, o Pluto.

A evolução dos traços do grafite
Como esses desenhos foram ganhando o título de arte urbana

A prática de pintar em paredes é milenar. Quando descobriram as ruínas de Pompéia sobre as cinzas do Vesúvio várias inscrições nos muros da cidade foram descobertas, algumas de caráter político, outras de caráter escatológico ou sexual. “As superfícies verticais sempre foram privilegiadas para transmitir uma mensagem ao publico sem se identificar, principalmente nas cidades”, diz o cineasta e antropólogo da USP, Lucas Fretin. Através da história o piche evoluiu e foi ganhando o status de arte urbana, ganhou as galerias e, principalmente, o espaço urbano.

A aceitação do grafite como arte começou na década de 1980. Nesse período houve a valorização e a transformação em mercadoria da chamada "cultura de rua". Para a historiadora da UFF, Sandra Regina Soares da Costa, “o grafite tem um apelo visual muito forte, mais ainda quando são grandes pinturas, grandes murais. Na década de 1980 e 90, houve um contexto muito propício para seu desenvolvimento, tanto nos setores externos a ele, quanto por parte de seus membros. Tanto no nível mercadológico, quanto conceitual”, explica a professora.

O grafite tende a ser mais aceito pela sociedade que o piche, mas a ideologia dos dois movimentos se misturam e se confundem. Tanto o grafite como a pichação questionam e demonstram as contradições e desigualdades das grandes cidades no mundo. Os dois coexistem dentro do espaço urbano. Para o antropólogo da USP Alexandre Barbosa Pereira, essa é uma linguagem viva e muito rica, “tanto a pichação quanto o grafite contribuem para mostrar as contradições de nossa urbanização, ressaltando as desigualdades sociais gritantes numa cidade grande”, esclarece Pereira.
As mulheres descobrem o grafite

A arte de desenhar em paredes tem se modificado ao longo dos anos, e o que era um ambiente exclusivamente masculino, passou a ser frequentado por mulheres. São poucas as grafiteiras no circuito, mas elas existem e tentam mostrar sua arte. É o caso de Érica Davi, de 22 anos. Ela começou em 2007, através do projeto Artefeito. Apaixonou-se pela arte e não parou mais. Érika, com k, que é sua tag (codinome), diz que adora a atitude de pintar na rua. Esse sentimento é que move tantas outras meninas para o grafite, como Arnaquia, Ayla e Injah, todas participam do Artefeito.

Artefeito é uma ONG da Baixada Fluminense, mais precisamente de Nova Iguaçu. Lá as grafiteiras iniciantes recebem incentivo e aulas de desenho. A organização ainda promove eventos e agora tenta agilizar a venda de telas de suas grafiteiras. Mas Giordana Moreira, a líder da sociedade, faz questão de dizer que não é um grupo só do sexo feminino, “nós não queremos exclusividade”, diz Giordana.

A entrada das mulheres no mundo do grafite trouxe novos traços e um novo pensamento. Ainda há poucas meninas por uma série de motivos. “O grafite é uma arte proibida, feita na madrugada. É difícil para uma mulher sair nessa hora, perigosamente. Há também a questão materna. Quem vai cuidar dos filhos?”, arrisca uma explicação a produtora Giordana Moreira.

Mas mesmo com tantas dificuldades e preconceitos, Panmela Castro, a Anarquia, viajou o mundo mostrando seu grafite. Foi ao Uruguai, Argentina, Alemanha. Fez sucesso e grafites proibidos por lá. Quase foi presa, mas sobrevive dessa arte ingrata e masculina. Dá aula de Belas Artes numa faculdade particular e tem esperanças de mais mulheres no mundo do grafite.

Aguardem pela última reportagem da série. Sobre o mercado de trabalho e as possibilidades financeiras e mercadológicas do grafite.

2 comentários:

  1. muito boa matéria, gostei muito :) !

    eu também vejo essa dificuldade em ver mulheres nesse tipo de arte.
    sou mulher, e pretendo seguir fazendo graffitis poraí :)'
    e dou um insentivo as mulheres, q tentem! é muito bom fazer arte, uma arte boa, e pricipalmente ver ela reconhecida !

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  2. Por favor retirar meu nome dessa matéria, pois o conteúdo de maneira alguma corresponde com algum tipo de intrevista que eu tenha realizado ou alguma fala ou ideal meu.

    Obrigada.
    Anarkia.

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