segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Grafite em série, parte 4 (final)

Hoje é a última reportagem da série. Não fiquem tristes que farei mais reportagens. As fotos de hoje são de uma exposição em São João de Meriti, cidade na Baixada Fluminense. Um evento organizado pelo grupo Artefeito. O grupo é novo, predominantemente feminino e luta por um espaço nesse mundo masculino do grafite. E luta bravamente! A tela abaixo foi feita pela artista Anarkia e abre os trabalhos.

A falta de apoio ao grafite

Maioria dos artistas tem outro emprego

“Em São Gonçalo, é quase impossível viver exclusivamente do grafite”, lamenta Vinícius Pereira, o Siri, desenhista do grafite. É uma arte pouco valorizada no circuito profissional e quase todos os grafiteiros tem um emprego secundário. É o caso de André Gomes, artista que no circuito é Bata. André começou a desenhar nas ruas do Rio de Janeiro há quatro anos, mas mora em São Gonçalo e trabalha como balconista para completar o orçamento.

Siri lamenta a falta de apoio. Ele comanda um projeto social, o “Prioridade São Gonçalo”. Lá os alunos tem aulas de grafite e desenho, inglês, computação, violão, Break Dance e Teatro.

- Tínhamos o apoio de um vereador, mas ele perdeu a eleição e expulsou a gente do espaço. E logo no dia seguinte ao resultado, não esperou nada! Depois fizemos uma parceria, mas a outra parte ganhava dinheiro por fora. Estamos à procura de novos apoiadores – avisa Vinícius Siri. Para ganhar a vida, mesmo morando com a mãe, Siri é técnico em informática.

Saco de Pão - Mimi

Aos poucos o mercado está investindo no grafite

Diógenes Borges, o Gene, é um dos poucos que consegue se sustentar através do grafite. Formado em Belas Artes, ele participa de projetos da Ampla, empresa de energia elétrica do Rio de Janeiro. Segundo Genê, em São Gonçalo não há campo para a profissionalização. “No Rio é melhor, mas em São Paulo é outra coisa. Há bem mais espaço”, lamenta o artista urbano. Realmente na capital paulista estão os trabalhos mais bem remunerados. Os paulistanos Gêmios são os grafiteiros brasileiros mais famosos pelo mundo e agitam o circuito de São Paulo.

Grafite da artista Aila

Gene ressalta o mercado que está se formando por causa do grafite. Há fábricas de spray, de tintas, lojas especializadas, vários tipos de “bicos” e outras novidades importadas. Além disso, o marketing utiliza o grafite como forma de propaganda. Mas Borges polemiza: “grafite é no muro, da comunidade e na comunidade. Meu trabalho pode ser efêmero, mas impactante”.

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